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09/01/2010 21:43

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19/11/2009 14:31

Um olhar sobre "Antífona" de Cruz e Sousa

 Ao ler a obra Antífona de João da Cruz e Sousa, fiquei impressionado com o riquíssimo substrato alquímico que perpassa todos os versos desta belíssima obra, entre outros detalhes, pelo chaveamento hermético relacionado, parecia-me proposital. Alguns verbetes pouco casuais, deixados, (não ao acaso), nada indicava um sentido. Porem, aquela obra tinha algo a mais do que apenas a verve poética do autor, carregada de uma linguagem mítica, toda singular.


Seria apenas um cântico?

Qual seria a simbologia usada pelo autor? 

Para mim a obra em referencia não suporta a ilogicidade e a sugestão vaga, e está muito próximo de um logicismo preciso.

Como sendo representante do simbolismo, seria obvio reconhecer o hermetismo literário presente. Lera alguns trabalhos de Cruz e Sousa anteriormente e confesso, sempre tive uma impressão forte da presença mítica em seu trabalho.

Primeiro, verifiquei algumas semelhanças sobre a primeira e a ultima estrofe, (sobre a qual decorrerei mais adiante). Semelhanças sobre as rimas, (notei alguma convergência entre as duas estrofes, [primeira e ultima]).

O que chamou a atenção, ficando claro para mim, não foi o hermetismo no poema em si, mais sim, um hermetismo velado, indicativo, como se a obra toda fosse um mapa a ser seguido, com fases e períodos a serem percorridos milimetricamente, levando-me a crer, se tratar de um texto fortemente relacionado com a alquimia da idade media. 

Fiquei a pensar a obra, igual a um cubo mágico de números, (em voga na década dos anos setenta), e confesso, foi para mim um grande sofrimento este período de tempo. O que me levou a seguir adiante foi a certeza, de que existia uma chave para abrir este cofre hermético.

Porque tinha esta certeza? 

Quando alguém se propõe a publicar uma obra hermética, este alguém deixa alguma chave para que possamos abri-la, senão, não a publicaria.

Algumas palavras embutidas em seus quarenta e quatro versos (hora formando frases subliminares, hora dando a impressão de vagarem solitarias, despretensiosas), me levavam a ter esta certeza.

Quando penso um texto como este, (rico em metáforas e sublimações), procuro ler nas entrelinhas, e extrair das entrelinhas o máximo possível de informações que facilitem o estudo. As entrelinhas geralmente nos indicam o sentido a seguir, caso o texto seja codificado por vontade própria ou algum elemento alheio a obra.

Como no texto, o verbo incide apenas na quinta estrofe, e as quatro primeiras estrofes davam a impressão de serem invocações, comecei minha concentração maior neste ponto, não apenas pelo motivo do verbo estar ali, e sim pelo motivo da estrofe em si, o verso do verbo, apenas me indicando por onde começar. 

Após a invocação do primeiro verso, o segundo verso da quinta estrofe nos diz, "Infinitos espíritos dispersos, inefáveis, aéreos", (inefáveis, o que não pode ser expresso verbalmente, é um termo utilizado para identificar algo de origem divina, ou transparente e com atributos de beleza e perfeição tão superiores aos níveis terrenos que não podem ser expressos em palavras humanas.), edênicos (tem ligação com a palavra anterior, e uma referencia forte ao sujeito principal do Edem, (Adão e Eva), ficando evidente a imagem do hermafrodita (na simbologia alquímica Adão e Eva aparecem como o Hermafrodita [de Hermafrodito, filho de Hermes e Afrodite]. Na obra alquímica o hermafrodita significa o enxofre e o mercúrio depois da conjunção. Também, Edem nos traz referencia da arvore da ciência do bem e do mal, que é um dos símbolos da alquimia).

Como a ultima estrofe, no seu ultimo verso encaminha-nos, pensei que deveria buscar algum auxilio na "cabala", (Conjunto de concepções místicas judaicas, com o objetivo de compreender Deus, universo, a natureza e a alma humana), contrariando, não houve a necessidade.  

Contando as estrofes, verifiquei que compunham onze estrofes de quatro versos cada uma, compondo ao todo quarenta e quatro versos.

Voltando ao primeiro verbo, (fecundai) aparece na quinta estrofe da obra. Usei o "Genesis Bíblico" como referencia, Ele nos diz que no principio era o Verbo, e o Verbo era ele, e o Verbo estava com ele. 

Poderia a chave da opus ser esta?

Poderia ser este o principio da obra hermética? 

Se "fecundai", (o verbo fecundar esta relacionado diretamente com o ovo e a vida. Fazer nova vida em. O ovo na realidade hermética é a própria alquimia - [Na Idade Média o ovo era comparado a alquimia por seus praticantes, no qual quatro instâncias estão unidas: a casca é a terra; a clara é a água; a membrana entre a casca e a clara é o ar; e a gema é o fogo. A fecundação seria feito pela quintessência] - Para Aristóteles, a quintessência seria o elemento etéreo que compõe as esferas celestes, diferente das quatro propriedades naturais.), era o primeiro verbo.



Se toda a obra partisse deste ponto, então eu estaria com a chave nas mãos. 

Será? 

Bem ao menos faria sentido, o ovo ou a obra alquímica sendo fecundada pela quintessência no começo da Opus alquímica,(por isso o verbo fecundai). Para mim estaria começando a fazer sentido, seria um pequeno e tênue raio de luz no desvendar hermético. 

Por isso, toda a invocação inicial, (todos os alquimistas da idade média faziam uma invocação inicial, antes da Opus, para que o trabalho corresse bem, para que Deus orientasse a Opus, para que a obra obtivesse o devido sucesso, etc.). 

Sobre a Via do trabalho alquímico: Uma via úmida na alquimia, (é a via mais nobre na execução dos trabalhos, como o seu nome indica é feita por meios úmidos, líquidos ou salinos que normalmente compõe o dissolvente da matéria também conhecido por "fogo secreto"), também é a mais demorada. Temos que levar ainda em consideração, o tempo com os trabalhos preliminares para a preparação do sujeito (dragão vermelho), dos sais que serviam como fundente e ainda a escolha criteriosa do seu acólito. Vinte e oito meses filosóficos, (é o tempo que durava em geral um trabalho por esta via), era muito tempo desperdiçado, caso não atingisse os objetivos desejados. Existem ainda outras vias para os trabalhos, porem, por causa dos perigos de explosão, intoxicação, etc. a via úmida era mais usada, mesmo que demorasse um pouco mais, era mais segura.

Como as invocações iniciais falam de neves, neblinas, formas vagas fluidas, de luares (o orvalhos usado para umedecer a matéria prima, provem da lua, e dos astros, afirmam os alquimistas) por tudo isso e o fato das sete últimas estrofes terem quatro versos cada, e sete vezes quatro são vinte e oito (uma clara indicação aos vinte e oito meses filosóficos da via úmida), acredito ser a via úmida a escolhida para a grande Opus no referido texto.

Se as quatro primeiras estrofes são invocações para inicio da Opus, então sobravam as sete últimas estrofes para a elaboração da obra, no poema repensado. 

Seria possível o autor estar indicando ao seu leitor, alguma linha investigatória com estas palavras?

"Ora, lê, relê, trabalha e encontraras", dizia o sábio no seu, Mutus Liber.

Se minha linha de raciocínio estivesse certa, alguém que elaborasse algo tão complexo e belo como este texto, criptografaria o texto por inteiro, deixando-o quase impenetrável. 

É obvio, se o autor não quisesse que alguém decifrasse o hermético trabalho, ele não deixaria pista.

Para que meu trabalho seja melhor compreendido, falarei primeiro o que eu chamo de parte externa do texto, tentando demonstrar que alguns trabalhos têm até odores, dependendo da realidade que foram concebidos e lidos. 

Por exemplo; quando digo que uma determinada cena se passa numa estrebaria, e que alguns cavalos habitavam o local já há algum tempo, é fácil imaginar o odor de estrume e urina animal, e o suor dos referidos cavalos (tem odor apenas para quem já teve alguma experiência deste tipo), isso se da, devido ao fato da nossa memória ser visual. 

Comecei pelas rimas da primeira e ultima estrofe, as rimas (Abba [primeiro verso], e abba [ultimo verso]), as outras nove estrofes internas são (abab). Estaria a estrofe inicial e ultima fechando todo o texto inserido no núcleo?

Seria proposital?

Citando a tabua esmeraldina de Hermes Trismegistus, (Verum sine mendacio, certum et verissimum; o que está em baixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está em baixo; por tais coisas se fazem os milagres de uma coisa só", Hermes é o criador da Obra Hermética, por isso o termo hermetismo), Hermes havia desvendado alguns segredos, e o autor sabia disso, deveria ter lido sobre o assunto.

A meu ver, uma obra como essa, deve ser pensada como alguma coisa a mais do que o simples exposto nas linhas, justamente por seus conceitos abstratos que o rege. 

No inicio dos quatro primeiros versos da primeira estrofe, se lermos do quarto para o primeiro verso, as primeira letras (num acróstico invertido), temos a leitura da palavra "iodo" (incensos, ó formas, de luares, ó formas), tirando a respectiva acentuação. (O iodo é um elemento usado na alquimia, livremente descoberto em 1811, sendo o iodo um oxidante, também era usado na medicina). 

As coisas iam tomando forma. 

Segundo Edinger, sete é o numero de operações principais na alquimia, são essas: Calcinatio, Solutio, Coagulatio, Sublimatio, Mortificatio, Putrefatio, Coniunctio. 

Se as quatro primeiras estrofes eram invocações. As sete últimas poderiam ser as operações principais, propriamente.

O andar se complicava e se definia ao mesmo tempo.

Hipoteticamente, usando esta chave, (o verbo "fecundai"), outras portas foram abrindo. Notei que da quinta estrofe em diante, os verbos passaram a ser quase constantes. No máximo um verbo por estrofe. 

Fazendo uma analogia entre estas ações e alguns estágios nas operações de uma Opus Alquímica, encontrei varias coincidências e situações concernentes, acreditando assim, na natureza alquímica do texto.

Queria descrever a forma, nada acadêmica, (não sou muito bom em academicismo), que usarei para analisar este texto de Cruz e Sousa. Esta descrição é para que me faça melhor entender, por se tratar de assunto complexo, de conceitos, e muitas vezes noções abstratas.

Descrição:

Vou fazer todas as observações dentro das linhas, linha por linha, estrofe por estrofe. Terminando estas observações, vou inserir algum texto para entrar em concordância, estas concordâncias ajudarão o leitor a entender os princípios usados para o meu olhar sobre a obra.

Exemplo: 

Uma estrofe, um verso, e anotarei todas as observações que estiverem ao meu conhecimento, e que achar pertinente, logo abaixo, nestas observações eu explicarei os prováveis sentidos dos símbolos, sendo eles matérias primas ou ações do processo alquímico, situações, etc.. Enfim o máximo de informações que ajudem a entender melhor este texto. 


Antífona
João da Cruz e Sousa
(Um outro olhar sobre a obra) 


1 estrofe.

Ó formas alvas, brancas, Formas claras

-No início da obra (Opus Alquímica), após o alquimista separar toda a matéria prima (preliminares para a preparação do sujeito [dragão vermelho], dos sais que serviam como fundentes e ainda a escolha criteriosa do seu acólito), preparar seu laboratório, o fogo vulgar, etc., ele entrava num período de meditação (meditatio). Este meditatio era um diálogo Interno do alquimista, (com alguém invisível), como na invocação da Divindade, ou comunhão com o próprio eu, ou com seu anjo guardião. Esta invocação era necessária, devido aos perigos que as Opus ofereciam, as vezes com grandes explosões. Para que tudo corresse de acordo, devido ao grande tempo destinado aos trabalhos, etc..

-Formas alvas, brancas, (um apelo aos espíritos, ou anjos guardiões iluminados), --Formas claras, (fase da meditação em que ele identifica o ser que iluminará e protegerá a Opus), as Formas estão claras agora. Nesta fase também, o Artista Alquímico organiza e passa em mente todo o processo.


De luares, de neves, de neblinas!

-De neves, refere-se à via úmida, neste caso, via escolhida para a Opus Alquímica (esta certeza é obtido pelo próprio texto, quando o artista relata o termo neve).

-A neblina de luares, refere-se ao "orvalho", substancia fundamental para a umidificação da matéria prima, é coletado em noites especificas, com uma fina malha de algodão, dizem os alquimistas que o orvalho é proveniente da lua, e sua produção tem ligação direta com os astros. Ao contrario do que se diz, o orvalho é de tonalidade amarela, e aparece novamente na sétima estrofe na fase operacional.


Ó formas vagas, fluidas, cristalinas...

-O que existe grande ou pequeno, em cima ou embaixo, existe porque a energia "sem forma" (formas vagas) se condensou em "forma" e criou o mundo material, (do caos o verbo criou todas as coisas, nos indica a Genesis). (O que está acima é como o que está abaixo, e o que está abaixo é como o que está acima, para que se realize o mistério da coisa única. Assim como todas as coisas vieram do UM, através do UM, todas as coisas para o UM retornam [Tabua de Esmeraldas de Hermes]), nesta sequência; forma vaga, gazes, líquidos, cristalização, materialização na forma atual. Também usado em sequência alquímica. 


Incensos dos turíbulos das aras

-A Fênix alquímica, que se imola no ninho de mirra incensaria, e aparece como símbolo de ressurreição, provavelmente a Ara (altar) seria uma metáfora do ninho da Fênix

-Pode significar que a Opus que se iniciaria, seria uma continuação de experiência anterior, ou inacabada, ou mal sucedida.



estrofe.

Formas do Amor, constelarmente puras,

-A união por amor, prepondera em qualquer Opus Alquímica, é a energia que une dois princípios (dois materiais), transformando-os em uno. Simbolicamente é descrito como o casamento do Sol e da Lua, do enxofre e do mercúrio, do Rei e da Rainha, do Céu e da Terra, todos vem da mesma origem, (tabua esmeraldina). É o hermafroditos, esta união.


De Virgens e de Santas vaporosas...

-As Santas referem-se à Grande Mãe (Ishtar, Demeter, Cibele, Juno, Ísis, etc.), estão relacionadas com a matéria prima. 

-Já as Virgens diz simbolicamente sobre as fases distintas da matéria (lua/prata, sol/ouro, Venus/cobre, saturno/chumbo, marte/ferro), em seu estado puro, virginal. 


Brilhos errantes, mádidas frescuras

-Provavelmente o autor da Opus havia errado anteriormente, agora faz invocação para que seja direcionado ao acerto,Brilhos, se relaciona com o artista e sua obra  é errante, uma obra sem chegada, (Fulcanelli em suas Moradas Filosofais comenta: Com o coração magoado, envergonhados dos erros de nossos anos jovens, tivemos que queimar livros e cadernos, confessar nossa ignorância e, como um modesto neófito, decifrar outra ciência nos bancos de outra escola. E assim, para quem tiver a coragem de esquecê-lo todo, toma-nos a modéstia de estudar o símbolo e despojá-lo do véu esotérico ). 


E dolências de lírios e de rosas...

-Aqui são duas afirmativas diversas.

-Do lírio, os alquimistas extraíam um perfume que era queimado no local do trabalho alquímico, no inicio da Opus. Olhai os lírios do campo; eles não trabalham nem tecem; no entanto eu vos digo: mesmo Salomão, em toda sua glória, não se vestiu como um deles (disse o maior de todos os Mestres), (acredito ser Salomão, nascido em 1033 anos antes de Cristo, duas obras alquímicas bem conhecidas de Salomão: Sobre a Pedra dos Filósofos e A Clavícula de Salomão).

-Rosas, sete pétalas, sete etapas do processo de transformação, a rosa vermelha representa a tintura solar, e a rosa branca representa a tintura lunar.


estrofe.

Indefiníveis musicas supremas,

-Mozart foi um grande conhecedor da obra alquímica, lia com freqüência As Bodas Alquímicas de Christian  Rosenkreutz, escrito por volta de 1616, dizem alguns que A Flauta Mágica, (composta por Mozart, e apresentada pela primeira vez em 1791), é explicativa de uma obra alquímica através da musica, do começo ao fim.

-Sobre Mozart, Cruz e Sousa escreveria no poema "Poesia", publicado em O Livro Derradeiro, deixando claro o que ele pensava do compositor, isso é, como um grande mestre. 


"Da arte de Mozart vós sois grandes romeiros. 

Lutais como nas vagas o triste palinuro, 

Os olhos tendes fitos na glória que dá brilho 

No livro tricolor e ovante do futuro".



Harmonias da Cor e do perfume...

-Aqui o autor faz invocação, como a pedir que os quatro estágios principais da passagem da matéria, sejam feitos de forma harmônica, estes quatro estágios são assim relacionados às cores: 

-Nigredo, ou operação negra; estagio em que a matéria é dissolvida e putrefada (fase associada ao calor e ao fogo).

-Albedo, ou operação branca; estagio em que a substancia é purificada.

-Citrinítas, operação amarela; estagio em que se opera a transmutação dos metais.

-Rubedo, operação vermelha; é o estagio final.



Horas do Ocaso, tremulas, extremas,

-Horas do acaso, são horas cruéis na Opus, onde é passado tudo a limpo, material, local, o espiritual, os equipamentos, os elementos, o fogo vulgar, etc. Por isso são tremulas, nervosas, também são extremas, devido a tensão.



Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...

-O Sol (Aurum Alchymicum) queima e mata a Fênix, que renasce no dia seguinte como uma nova Fênix (a Fênix Alquímica), seria o nascimento de uma nova Obra, a Dor da Luz resume a morte da Fênix. A fênix aqui também tem relação com o quarto estágio, em que se opera a transmutação, o Rubedo.   



4 estrofe.

Visões, salmos e cânticos serenos

-"Cânticos que ressonam na noite, como serpentes rodeantes de bravura; dossel de fina gaze, transfiguram um solene ritual deste poder".

Parágrafo extraído do livro; "Alquimia" Introdução ao simbolismo, de Maria-Louise Von Franz. 

(para um melhor entendimento deste verso, ler Psicologia e alquimismo de C.G.Jung). 



Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...

-"Murmúrios suaves de veias inflamadas".

-"O monge beneditino Basilio Valentín, nos diz em seu tratado "As Doze Chaves da Filosofia" que,.a pedra dos antigos, proveniente do céu, para a saúde e consolo dos homens neste vale de lágrimas, é como o tesouro terrestre mais precioso e, a meu parecer, também o mais legítimo.".

-A Obra Alquímica silenciosa, era simbolizada por um corpo, partes muito aquecidas deste corpo (órgãos flébeis). Quentes, sem o fogo alquímico não existia a Obra.



Dormências de volúpicos venenos

-Venenos, o mercúrio em seu sono ou repouso, o mercúrio é encorpado e sutil, é feminino, é volátil, é saturno, sendo veneno ataca a bílis no corpo alquímico. Por suas núpcias com o enxofre acordam transformados em outra matéria.



Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...

-Sutil e suave é o elemento mercurial, ele tem corpo, é volátil.

-O enxofre, é mórbido e radiante, é o masculino, é o princípio fixo, ativo, representa as propriedades de combustão e corrosão dos metais, no seu interior irradia um brilho impar



estrofe.

Infinitos espíritos dispersos,

-Calcinatio

-Se anteriormente o poeta havia pensado no mercúrio (matéria volátil) e enxofre (combustível, corrosivo, que faz os metais irradiarem), no orvalho (elemento umidificador), no sal (arsênio). Neste estagio ele pensa no. solve et coagula, é essencial separar as matérias (infinitos espíritos), purificar e unir (os dispersos).



Inefáveis, edênicos, aéreos,

-"Infinitos espíritos dispersos, inefáveis, aéreos".   (inefáveis, o que não pode ser expresso verbalmente, é um termo utilizado para identificar algo de origem divina, ou transparente e com atributos de beleza e perfeição tão superiores aos níveis terrenos que não podem ser expressos em palavras humanas.), edênicos (tem ligação com a palavra anterior, e uma referencia forte ao alvo principal do Edem, ou então, a Adão e Eva, ficando evidente a imagem do hermafrodita (na simbologia alquímica Adão e Eva aparecem como o hermafrodita  [de Hermafrodito, filho de Hermes e Afrodite], era o casamento alquímico. Na obra alquímica o hermafrodita significa o enxofre e o mercúrio depois da conjunção. Também, Edem (edênicos) nos traz referencia da arvore da ciência do bem e do mal, que é um dos símbolos da alquimia).

-Inefáveis (divinal), edênicos (alquímico), aéreos, (espiritual).



Fecundai os Mistérios destes versos

-O fecundavel é um ovo (o Mistério), o Ovo alquímico é a obra, a Opus Alquímica.

-Em suas orações o alquimista ora, (implora) para que sua obra seja fecundada pela Quintessência.



Com a chama ideal de todos os mistérios.

-Este verso tem ligação direta com o verso anterior. Fecundai esta Obra, com a chama ideal (corretas), de todas as Obras alquímicas. É uma invocação.



estrofe.

Do sonho as mais azuis diafaneidades

-solutio

-Azuis diafaneidades referem-se à Flor Azul, (azul transparente).

-Novalis escolhe a Flor Azul como o símbolo da transformação alquímica do mundo. Ela é mencionada por Ofterdingen e foi comentada no tratado alquímico Pandora (1582) de Reussner, no qual se encontra uma gravura representando três flores reunidas por uma haste comum, plantada no ovo hermético contendo o Ouroboro. A flor vermelha simboliza o ouro, a flor branca, a prata e a flor azul, a sabedoria (flos sapientum), é de um azul transparente.



Que fuljam, que na Estrofe se levantem

-Inicia-se a destilação, o elemento em questão 

-Em termos alquímicos seria a passagem direta do estado sólido ao gasoso.



E as emoções, todas as castidades

-Este verso tem o significado do Arcano ou Grande Arcano, é preciso seguir a senda da castidade, (virtude do que se abstém de todo gozo sexual ilícito. Cuidado na preparação da matéria. Não desviar da Opus) entendendo por ilícito a perda da energia seminal. Somente sendo castos poderemos converter uma matéria bruta em outra espiritual, fina, não confundir castidade na Opus, com celibato, a castidade tem o sentido metafórico da pureza dos materiais e do caminho a seguir. 



Da alma do Verso, pelos versos cantem. 

-O autor se referia aos 
19/11/2009 14:29

Um olhar sobre "Antífona" de Cruz e Sousa

 Autor: João da Cruz e Sousa

Publicada no livro: Broquéis-1883. 
(um olhar sobre a obra Antífona)
Autor: orlando rocha 
(sub. conversando comigo) 

Ao ler a obra Antífona de João da Cruz e Sousa, fiquei impressionado com o riquíssimo substrato alquímico que perpassa todos os versos desta belíssima obra, entre outros detalhes, pelo chaveamento hermético relacionado, parecia-me proposital. Alguns verbetes pouco casuais, deixados, (não ao acaso), nada indicava um sentido. Porem, aquela obra tinha algo a mais do que apenas a verve poética do autor, carregada de uma linguagem mítica, toda singular.

Seria apenas um cântico?

Qual seria a simbologia usada pelo autor? 

Para mim a obra em referencia não suporta a ilogicidade e a sugestão vaga, e está muito próximo de um logicismo preciso.

Como sendo representante do simbolismo, seria obvio reconhecer o hermetismo literário presente. Lera alguns trabalhos de Cruz e Sousa anteriormente e confesso, sempre tive uma impressão forte da presença mítica em seu trabalho.

Primeiro, verifiquei algumas semelhanças sobre a primeira e a ultima estrofe, (sobre a qual decorrerei mais adiante). Semelhanças sobre as rimas, (notei alguma convergência entre as duas estrofes, [primeira e ultima]).

O que chamou a atenção, ficando claro para mim, não foi o hermetismo no poema em si, mais sim, um hermetismo velado, indicativo, como se a obra toda fosse um mapa a ser seguido, com fases e períodos a serem percorridos milimetricamente, levando-me a crer, se tratar de um texto fortemente relacionado com a alquimia da idade media. 

Fiquei a pensar a obra, igual a um cubo mágico de números, (em voga na década dos anos setenta), e confesso, foi para mim um grande sofrimento este período de tempo. O que me levou a seguir adiante foi a certeza, de que existia uma chave para abrir este cofre hermético.

Porque tinha esta certeza? 

Quando alguém se propõe a publicar uma obra hermética, este alguém deixa alguma chave para que possamos abri-la, senão, não a publicaria.

Algumas palavras embutidas em seus quarenta e quatro versos (hora formando frases subliminares, hora dando a impressão de vagarem solitarias, despretensiosas), me levavam a ter esta certeza.

Quando penso um texto como este, (rico em metáforas e sublimações), procuro ler nas entrelinhas, e extrair das entrelinhas o máximo possível de informações que facilitem o estudo. As entrelinhas geralmente nos indicam o sentido a seguir, caso o texto seja codificado por vontade própria ou algum elemento alheio a obra.

Como no texto, o verbo incide apenas na quinta estrofe, e as quatro primeiras estrofes davam a impressão de serem invocações, comecei minha concentração maior neste ponto, não apenas pelo motivo do verbo estar ali, e sim pelo motivo da estrofe em si, o verso do verbo, apenas me indicando por onde começar. 

Após a invocação do primeiro verso, o segundo verso da quinta estrofe nos diz, "Infinitos espíritos dispersos, inefáveis, aéreos", (inefáveis, o que não pode ser expresso verbalmente, é um termo utilizado para identificar algo de origem divina, ou transparente e com atributos de beleza e perfeição tão superiores aos níveis terrenos que não podem ser expressos em palavras humanas.), edênicos (tem ligação com a palavra anterior, e uma referencia forte ao sujeito principal do Edem, (Adão e Eva), ficando evidente a imagem do hermafrodita (na simbologia alquímica Adão e Eva aparecem como o Hermafrodita [de Hermafrodito, filho de Hermes e Afrodite]. Na obra alquímica o hermafrodita significa o enxofre e o mercúrio depois da conjunção. Também, Edem nos traz referencia da arvore da ciência do bem e do mal, que é um dos símbolos da alquimia).

Como a ultima estrofe, no seu ultimo verso encaminha-nos, pensei que deveria buscar algum auxilio na "cabala", (Conjunto de concepções místicas judaicas, com o objetivo de compreender Deus, universo, a natureza e a alma humana), contrariando, não houve a necessidade.  

Contando as estrofes, verifiquei que compunham onze estrofes de quatro versos cada uma, compondo ao todo quarenta e quatro versos.

Voltando ao primeiro verbo, (fecundai) aparece na quinta estrofe da obra. Usei o "Genesis Bíblico" como referencia, Ele nos diz que no principio era o Verbo, e o Verbo era ele, e o Verbo estava com ele. 

Poderia a chave da opus ser esta?

Poderia ser este o principio da obra hermética? 

Se "fecundai", (o verbo fecundar esta relacionado diretamente com o ovo e a vida. Fazer nova vida em. O ovo na realidade hermética é a própria alquimia - [Na Idade Média o ovo era comparado a alquimia por seus praticantes, no qual quatro instâncias estão unidas: a casca é a terra; a clara é a água; a membrana entre a casca e a clara é o ar; e a gema é o fogo. A fecundação seria feito pela quintessência] - Para Aristóteles, a quintessência seria o elemento etéreo que compõe as esferas celestes, diferente das quatro propriedades naturais.), era o primeiro verbo.



Se toda a obra partisse deste ponto, então eu estaria com a chave nas mãos. 

Será? 

Bem ao menos faria sentido, o ovo ou a obra alquímica sendo fecundada pela quintessência no começo da Opus alquímica,(por isso o verbo fecundai). Para mim estaria começando a fazer sentido, seria um pequeno e tênue raio de luz no desvendar hermético. 

Por isso, toda a invocação inicial, (todos os alquimistas da idade média faziam uma invocação inicial, antes da Opus, para que o trabalho corresse bem, para que Deus orientasse a Opus, para que a obra obtivesse o devido sucesso, etc.). 

Sobre a Via do trabalho alquímico: Uma via úmida na alquimia, (é a via mais nobre na execução dos trabalhos, como o seu nome indica é feita por meios úmidos, líquidos ou salinos que normalmente compõe o dissolvente da matéria também conhecido por "fogo secreto"), também é a mais demorada. Temos que levar ainda em consideração, o tempo com os trabalhos preliminares para a preparação do sujeito (dragão vermelho), dos sais que serviam como fundente e ainda a escolha criteriosa do seu acólito. Vinte e oito meses filosóficos, (é o tempo que durava em geral um trabalho por esta via), era muito tempo desperdiçado, caso não atingisse os objetivos desejados. Existem ainda outras vias para os trabalhos, porem, por causa dos perigos de explosão, intoxicação, etc. a via úmida era mais usada, mesmo que demorasse um pouco mais, era mais segura.

Como as invocações iniciais falam de neves, neblinas, formas vagas fluidas, de luares (o orvalhos usado para umedecer a matéria prima, provem da lua, e dos astros, afirmam os alquimistas) por tudo isso e o fato das sete últimas estrofes terem quatro versos cada, e sete vezes quatro são vinte e oito (uma clara indicação aos vinte e oito meses filosóficos da via úmida), acredito ser a via úmida a escolhida para a grande Opus no referido texto.

Se as quatro primeiras estrofes são invocações para inicio da Opus, então sobravam as sete últimas estrofes para a elaboração da obra, no poema repensado. 

Seria possível o autor estar indicando ao seu leitor, alguma linha investigatória com estas palavras?

"Ora, lê, relê, trabalha e encontraras", dizia o sábio no seu, Mutus Liber.

Se minha linha de raciocínio estivesse certa, alguém que elaborasse algo tão complexo e belo como este texto, criptografaria o texto por inteiro, deixando-o quase impenetrável. 

É obvio, se o autor não quisesse que alguém decifrasse o hermético trabalho, ele não deixaria pista.

Para que meu trabalho seja melhor compreendido, falarei primeiro o que eu chamo de parte externa do texto, tentando demonstrar que alguns trabalhos têm até odores, dependendo da realidade que foram concebidos e lidos. 

Por exemplo; quando digo que uma determinada cena se passa numa estrebaria, e que alguns cavalos habitavam o local já há algum tempo, é fácil imaginar o odor de estrume e urina animal, e o suor dos referidos cavalos (tem odor apenas para quem já teve alguma experiência deste tipo), isso se da, devido ao fato da nossa memória ser visual. 

Comecei pelas rimas da primeira e ultima estrofe, as rimas (Abba [primeiro verso], e abba [ultimo verso]), as outras nove estrofes internas são (abab). Estaria a estrofe inicial e ultima fechando todo o texto inserido no núcleo?

Seria proposital?

Citando a tabua esmeraldina de Hermes Trismegistus, (Verum sine mendacio, certum et verissimum; o que está em baixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está em baixo; por tais coisas se fazem os milagres de uma coisa só", Hermes é o criador da Obra Hermética, por isso o termo hermetismo), Hermes havia desvendado alguns segredos, e o autor sabia disso, deveria ter lido sobre o assunto.

A meu ver, uma obra como essa, deve ser pensada como alguma coisa a mais do que o simples exposto nas linhas, justamente por seus conceitos abstratos que o rege. 

No inicio dos quatro primeiros versos da primeira estrofe, se lermos do quarto para o primeiro verso, as primeira letras (num acróstico invertido), temos a leitura da palavra "iodo" (incensos, ó formas, de luares, ó formas), tirando a respectiva acentuação. (O iodo é um elemento usado na alquimia, livremente descoberto em 1811, sendo o iodo um oxidante, também era usado na medicina). 

As coisas iam tomando forma. 

Segundo Edinger, sete é o numero de operações principais na alquimia, são essas: Calcinatio, Solutio, Coagulatio, Sublimatio, Mortificatio, Putrefatio, Coniunctio. 

Se as quatro primeiras estrofes eram invocações. As sete últimas poderiam ser as operações principais, propriamente.

O andar se complicava e se definia ao mesmo tempo.

Hipoteticamente, usando esta chave, (o verbo "fecundai"), outras portas foram abrindo. Notei que da quinta estrofe em diante, os verbos passaram a ser quase constantes. No máximo um verbo por estrofe. 

Fazendo uma analogia entre estas ações e alguns estágios nas operações de uma Opus Alquímica, encontrei varias coincidências e situações concernentes, acreditando assim, na natureza alquímica do texto.

Queria descrever a forma, nada acadêmica, (não sou muito bom em academicismo), que usarei para analisar este texto de Cruz e Sousa. Esta descrição é para que me faça melhor entender, por se tratar de assunto complexo, de conceitos, e muitas vezes noções abstratas.

Descrição:

Vou fazer todas as observações dentro das linhas, linha por linha, estrofe por estrofe. Terminando estas observações, vou inserir algum texto para entrar em concordância, estas concordâncias ajudarão o leitor a entender os princípios usados para o meu olhar sobre a obra.

Exemplo: 

Uma estrofe, um verso, e anotarei todas as observações que estiverem ao meu conhecimento, e que achar pertinente, logo abaixo, nestas observações eu explicarei os prováveis sentidos dos símbolos, sendo eles matérias primas ou ações do processo alquímico, situações, etc.. Enfim o máximo de informações que ajudem a entender melhor este texto. 


Antífona
João da Cruz e Sousa
(Um outro olhar sobre a obra) 


1 estrofe.

Ó formas alvas, brancas, Formas claras

-No início da obra (Opus Alquímica), após o alquimista separar toda a matéria prima (preliminares para a preparação do sujeito [dragão vermelho], dos sais que serviam como fundentes e ainda a escolha criteriosa do seu acólito), preparar seu laboratório, o fogo vulgar, etc., ele entrava num período de meditação (meditatio). Este meditatio era um diálogo Interno do alquimista, (com alguém invisível), como na invocação da Divindade, ou comunhão com o próprio eu, ou com seu anjo guardião. Esta invocação era necessária, devido aos perigos que as Opus ofereciam, as vezes com grandes explosões. Para que tudo corresse de acordo, devido ao grande tempo destinado aos trabalhos, etc..

-Formas alvas, brancas, (um apelo aos espíritos, ou anjos guardiões iluminados), --Formas claras, (fase da meditação em que ele identifica o ser que iluminará e protegerá a Opus), as Formas estão claras agora. Nesta fase também, o Artista Alquímico organiza e passa em mente todo o processo.


De luares, de neves, de neblinas!

-De neves, refere-se à via úmida, neste caso, via escolhida para a Opus Alquímica (esta certeza é obtido pelo próprio texto, quando o artista relata o termo neve).

-A neblina de luares, refere-se ao "orvalho", substancia fundamental para a umidificação da matéria prima, é coletado em noites especificas, com uma fina malha de algodão, dizem os alquimistas que o orvalho é proveniente da lua, e sua produção tem ligação direta com os astros. Ao contrario do que se diz, o orvalho é de tonalidade amarela, e aparece novamente na sétima estrofe na fase operacional.


Ó formas vagas, fluidas, cristalinas...

-O que existe grande ou pequeno, em cima ou embaixo, existe porque a energia "sem forma" (formas vagas) se condensou em "forma" e criou o mundo material, (do caos o verbo criou todas as coisas, nos indica a Genesis). (O que está acima é como o que está abaixo, e o que está abaixo é como o que está acima, para que se realize o mistério da coisa única. Assim como todas as coisas vieram do UM, através do UM, todas as coisas para o UM retornam [Tabua de Esmeraldas de Hermes]), nesta sequência; forma vaga, gazes, líquidos, cristalização, materialização na forma atual. Também usado em sequência alquímica. 


Incensos dos turíbulos das aras

-A Fênix alquímica, que se imola no ninho de mirra incensaria, e aparece como símbolo de ressurreição, provavelmente a Ara (altar) seria uma metáfora do ninho da Fênix

-Pode significar que a Opus que se iniciaria, seria uma continuação de experiência anterior, ou inacabada, ou mal sucedida.



estrofe.

Formas do Amor, constelarmente puras,

-A união por amor, prepondera em qualquer Opus Alquímica, é a energia que une dois princípios (dois materiais), transformando-os em uno. Simbolicamente é descrito como o casamento do Sol e da Lua, do enxofre e do mercúrio, do Rei e da Rainha, do Céu e da Terra, todos vem da mesma origem, (tabua esmeraldina). É o hermafroditos, esta união.


De Virgens e de Santas vaporosas...

-As Santas referem-se à Grande Mãe (Ishtar, Demeter, Cibele, Juno, Ísis, etc.), estão relacionadas com a matéria prima. 

-Já as Virgens diz simbolicamente sobre as fases distintas da matéria (lua/prata, sol/ouro, Venus/cobre, saturno/chumbo, marte/ferro), em seu estado puro, virginal. 


Brilhos errantes, mádidas frescuras

-Provavelmente o autor da Opus havia errado anteriormente, agora faz invocação para que seja direcionado ao acerto,Brilhos, se relaciona com o artista e sua obra  é errante, uma obra sem chegada, (Fulcanelli em suas Moradas Filosofais comenta: Com o coração magoado, envergonhados dos erros de nossos anos jovens, tivemos que queimar livros e cadernos, confessar nossa ignorância e, como um modesto neófito, decifrar outra ciência nos bancos de outra escola. E assim, para quem tiver a coragem de esquecê-lo todo, toma-nos a modéstia de estudar o símbolo e despojá-lo do véu esotérico ). 


E dolências de lírios e de rosas...

-Aqui são duas afirmativas diversas.

-Do lírio, os alquimistas extraíam um perfume que era queimado no local do trabalho alquímico, no inicio da Opus. Olhai os lírios do campo; eles não trabalham nem tecem; no entanto eu vos digo: mesmo Salomão, em toda sua glória, não se vestiu como um deles (disse o maior de todos os Mestres), (acredito ser Salomão, nascido em 1033 anos antes de Cristo, duas obras alquímicas bem conhecidas de Salomão: Sobre a Pedra dos Filósofos e A Clavícula de Salomão).

-Rosas, sete pétalas, sete etapas do processo de transformação, a rosa vermelha representa a tintura solar, e a rosa branca representa a tintura lunar.


estrofe.

Indefiníveis musicas supremas,

-Mozart foi um grande conhecedor da obra alquímica, lia com freqüência As Bodas Alquímicas de Christian  Rosenkreutz, escrito por volta de 1616, dizem alguns que A Flauta Mágica, (composta por Mozart, e apresentada pela primeira vez em 1791), é explicativa de uma obra alquímica através da musica, do começo ao fim.

-Sobre Mozart, Cruz e Sousa escreveria no poema "Poesia", publicado em O Livro Derradeiro, deixando claro o que ele pensava do compositor, isso é, como um grande mestre. 


"Da arte de Mozart vós sois grandes romeiros. 

Lutais como nas vagas o triste palinuro, 

Os olhos tendes fitos na glória que dá brilho 

No livro tricolor e ovante do futuro".



Harmonias da Cor e do perfume...

-Aqui o autor faz invocação, como a pedir que os quatro estágios principais da passagem da matéria, sejam feitos de forma harmônica, estes quatro estágios são assim relacionados às cores: 

-Nigredo, ou operação negra; estagio em que a matéria é dissolvida e putrefada (fase associada ao calor e ao fogo).

-Albedo, ou operação branca; estagio em que a substancia é purificada.

-Citrinítas, operação amarela; estagio em que se opera a transmutação dos metais.

-Rubedo, operação vermelha; é o estagio final.



Horas do Ocaso, tremulas, extremas,

-Horas do acaso, são horas cruéis na Opus, onde é passado tudo a limpo, material, local, o espiritual, os equipamentos, os elementos, o fogo vulgar, etc. Por isso são tremulas, nervosas, também são extremas, devido a tensão.



Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...

-O Sol (Aurum Alchymicum) queima e mata a Fênix, que renasce no dia seguinte como uma nova Fênix (a Fênix Alquímica), seria o nascimento de uma nova Obra, a Dor da Luz resume a morte da Fênix. A fênix aqui também tem relação com o quarto estágio, em que se opera a transmutação, o Rubedo.   



4 estrofe.

Visões, salmos e cânticos serenos

-"Cânticos que ressonam na noite, como serpentes rodeantes de bravura; dossel de fina gaze, transfiguram um solene ritual deste poder".

Parágrafo extraído do livro; "Alquimia" Introdução ao simbolismo, de Maria-Louise Von Franz. 

(para um melhor entendimento deste verso, ler Psicologia e alquimismo de C.G.Jung). 



Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...

-"Murmúrios suaves de veias inflamadas".

-"O monge beneditino Basilio Valentín, nos diz em seu tratado "As Doze Chaves da Filosofia" que,.a pedra dos antigos, proveniente do céu, para a saúde e consolo dos homens neste vale de lágrimas, é como o tesouro terrestre mais precioso e, a meu parecer, também o mais legítimo.".

-A Obra Alquímica silenciosa, era simbolizada por um corpo, partes muito aquecidas deste corpo (órgãos flébeis). Quentes, sem o fogo alquímico não existia a Obra.



Dormências de volúpicos venenos

-Venenos, o mercúrio em seu sono ou repouso, o mercúrio é encorpado e sutil, é feminino, é volátil, é saturno, sendo veneno ataca a bílis no corpo alquímico. Por suas núpcias com o enxofre acordam transformados em outra matéria.



Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...

-Sutil e suave é o elemento mercurial, ele tem corpo, é volátil.

-O enxofre, é mórbido e radiante, é o masculino, é o princípio fixo, ativo, representa as propriedades de combustão e corrosão dos metais, no seu interior irradia um brilho impar



estrofe.

Infinitos espíritos dispersos,

-Calcinatio

-Se anteriormente o poeta havia pensado no mercúrio (matéria volátil) e enxofre (combustível, corrosivo, que faz os metais irradiarem), no orvalho (elemento umidificador), no sal (arsênio). Neste estagio ele pensa no. solve et coagula, é essencial separar as matérias (infinitos espíritos), purificar e unir (os dispersos).



Inefáveis, edênicos, aéreos,

-"Infinitos espíritos dispersos, inefáveis, aéreos".   (inefáveis, o que não pode ser expresso verbalmente, é um termo utilizado para identificar algo de origem divina, ou transparente e com atributos de beleza e perfeição tão superiores aos níveis terrenos que não podem ser expressos em palavras humanas.), edênicos (tem ligação com a palavra anterior, e uma referencia forte ao alvo principal do Edem, ou então, a Adão e Eva, ficando evidente a imagem do hermafrodita (na simbologia alquímica Adão e Eva aparecem como o hermafrodita  [de Hermafrodito, filho de Hermes e Afrodite], era o casamento alquímico. Na obra alquímica o hermafrodita significa o enxofre e o mercúrio depois da conjunção. Também, Edem (edênicos) nos traz referencia da arvore da ciência do bem e do mal, que é um dos símbolos da alquimia).

-Inefáveis (divinal), edênicos (alquímico), aéreos, (espiritual).



Fecundai os Mistérios destes versos

-O fecundavel é um ovo (o Mistério), o Ovo alquímico é a obra, a Opus Alquímica.

-Em suas orações o alquimista ora, (implora) para que sua obra seja fecundada pela Quintessência.



Com a chama ideal de todos os mistérios.

-Este verso tem ligação direta com o verso anterior. Fecundai esta Obra, com a chama ideal (corretas), de todas as Obras alquímicas. É uma invocação.



estrofe.

Do sonho as mais azuis diafaneidades

-solutio

-Azuis diafaneidades referem-se à Flor Azul, (azul transparente).

-Novalis escolhe a Flor Azul como o símbolo da transformação alquímica do mundo. Ela é mencionada por Ofterdingen e foi comentada no tratado alquímico Pandora (1582) de Reussner, no qual se encontra uma gravura representando três flores reunidas por uma haste comum, plantada no ovo hermético contendo o Ouroboro. A flor vermelha simboliza o ouro, a flor branca, a prata e a flor azul, a sabedoria (flos sapientum), é de um azul transparente.



Que fuljam, que na Estrofe se levantem

-Inicia-se a destilação, o elemento em questão 

-Em termos alquímicos seria a passagem direta do estado sólido ao gasoso.



E as emoções, todas as castidades

-Este verso tem o significado do Arcano ou Grande Arcano, é preciso seguir a senda da castidade, (virtude do que se abstém de todo gozo sexual ilícito. Cuidado na preparação da matéria. Não desviar da Opus) entendendo por ilícito a perda da energia seminal. Somente sendo castos poderemos converter uma matéria bruta em outra espiritual, fina, não confundir castidade na Opus, com celibato, a castidade tem o sentido metafórico da pureza dos materiais e do caminho a seguir. 



Da alma do Verso, pelos versos cantem. 

-O autor se referia aos 
11/11/2009 17:47

Primeiro Blog

Nosso novo Blog/Radio foi lançado hoje, 11/11/2009. Se você tem algum texto, sendo este texto de acordo com a linha diretriz do site e do radio "O PROLETÁRIO", nos envie, poderemos publica-lo. Esteja atento a ele e nós tentaremos mantê-lo informado. Você pode ler as novas postagens nesse blog via RSS Feed.

As publicações tem que seguir de preferência o Marxismo/Leninismo.

11/11/2009 15:21

O MOVIMENTO MIGRATÓRIO ATUAL

 Há algum tempo atrás, fui a uma exposição de fotografias no MON, do foto/jornalista Sebastião Salgado, fiquei pensando sobre o processo migratório e suas causas, desde 1993 Salgado vem fotografando o movimento migratório de seres humanos em todo planeta. 

Interei-me (surpreso), que quase cento e cinqüenta milhões de pessoas sofrem deste processo migratório atualmente e vivem fora de seus locais de origem, numero altíssimo se levarmos em consideração o aumento da população mundial atual que paira em torno de cem milhões de seres humanos anualmente. O aumento é ainda mais assustador, cerca de dez milhões de pessoas engrossam este cordão todos os anos, mantendo estas proporções, daqui a dez anos esta enorme fila migratória terá duzentos e cinqüenta milhões de pessoas, em 1985 eram trinta milhões. Partindo desta analise, Salgado andou por 45 países, durante 7 anos, 45 países é quase um quarto do numero total de nações, se levarmos em consideração os 202 países existente, (dados de 2002, de acordo com a Wikipédia), estes dados dão ao seu trabalho uma importância impar.
  Os primeiros povos a migrarem para as Américas (por volta de 48 a 60 mil anos) emigraram da Ásia, provavelmente atravessando o estreito de Bering. Alguns teóricos pensam também, que povos oriundos da Polinésia, Malásia e Austrália atingiram a America do sul navegando através do Oceano Pacífico, esta seria outra corrente. 
  Próximo ao ano de 1500 habitavam o Brasil entre 5 a 6 milhões de nativos, (destes , sobreviveram em péssimas condições de vida e com suas culturas em frangalhos, aproximadamente 200 mil pessoas), poderíamos discorrer ainda mais sobre muitas situações historicamente conhecidas, mais isto não vem bem ao caso. O que eu gostaria de evidenciar seriam as “causas de repulsão e de atração”, que evidenciam alguns destes movimentos migratórios em algumas regiões.
  Partindo das três causas que a meu ver são as mais importante: “Perseguições político/regionais, econômicas e de natureza climática”. Sigo minha linha de pensamento e procurarei me concentrar na atualidade, sendo que posso retornar a historia para ilustrar ou reforçar algum raciocínio. 
  Segundo o ACNUR (Auto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), a maioria dos refugiados internacionais migra em busca de empregos, ou melhores empregos e melhores salários, após isso vem ás causas de guerras, perseguições étnicas e religiosas, (não nesta ordem obrigatoriamente), este movimento objetiva principalmente ao EUA e a Europa ocidental. E se originam a partir da África, America do Sul e regiões sul e sudeste da Ásia. Como podemos constatar, originam das nações mais pobres do planeta.
  Se as causas principais de repulsão da migração atualmente são as acima citadas, poderemos pensar um pouco mais sobre as causas de atração. 
A analogia que faço a seguir é bem simples, mais a partir dela entraremos em uma noção maior. 
  Tenho um trabalho atualmente, ganho muito pouco, na cidade vizinha tem varias empresas com muitos empregos e remuneração maior, a cidade tem uma qualidade de vida melhor. O que eu faço? Fico? Migro? Ai esta a duvida.
  A SOBREVIVENCIA DO SISTEMA.
  Para sobreviver mais confortavelmente, o sistema capitalista teorizou e generalizou. Nas regiões em que ele retira matérias primas para manter seu parque industrial manufatureiro, os salários são vergonhosos, em regiões onde estão implantados os parques industriais, os salários são menos vergonhosos e onde estão alojados os executivos, (as gerencias, diretorias, etc.), os salários são bem melhores. O leitor quer um exemplo? A Adidas abriu uma fabrica na Ásia, mão de obra barata e matéria prima quase de graça, os executivos continuam no EUA com seus salários fabulosos. E assim com todas as transnacionais, carros, cigarros, alimentos, eletrônicos, informática, roupa, etc, etc...Um exemplo mais fácil de confirmar, por estar mais próximo, a Cba, (companhia brasileira de alumínio) do grupo Votorantim, comprou a troco de bananas uma vasta extensão de terras na região do Vale do Ribeira (a região com o menor IDH do estado de São Paulo), na divisa entre Paraná e São Paulo, Brasil. 
  Porque comprou a preço de banana? Primeiro a região sofreu todo um processo de empobrecimento regional ao longo dos últimos anos, fatos divulgados na mídia, falta de investimentos sociais, inexistência de investimentos em infra- estrutura para escoamento da produção agrícola, criação de empregos, etc. A região em evidencia ficou abandonada por um longo tempo, noticiou-se que a Cba iria construir uma represa (Usina do Alto Tijuco) no rio Ribeira do Iguape, esta represa iria alagar uma vasta área, e “ai daquele que teimasse em viver nas regiões abaixo”, na cidade vizinha, Apiaí em São Paulo, tem uma grande mineradora de Cimento, (região fornecedora de matéria prima), em outro município limítrofe Adrianópolis no Paraná, tem uma mina (meio desativada..?) de chumbo, prata e ouro (matéria prima), dizem os moradores da região, mais esclarecidos e antigos, que as serras que serpenteiam a região são ricas em ferro, alumínio, prata, urânio e outros. Estas terras atualmente pertencem a Cba, a maioria foi comprada a um preço muito baixo, como a região há muito tempo esta sem investimentos nas áreas sociais, a população em geral, (os pequenos proprietários de terra), venderam ou abandonaram as terras, indo engrossar as periferias das grandes cidades em busca de trabalho. 
  Outro exemplo: Em 1975 aconteceu uma grande geada no norte do estado do Paraná, esta geada foi responsavel pela destruição de quase toda a lavoura de café do norte do estado, (a lavoura de café é uma das poucas lavouras que não se consegue mecanizar), quase 3.500.000 de trabalhadores tiveram que sair da região, indo engrossar as grandes cidades, almentando assim o numero de favelas, foi nesta época que nasceu em Curitiba a maior e mais problematica favela urbana da região, a Ferrovila. 
  Estes exemplos, simplórios, por estarem mais próximos, faz com que entendamos melhor a situação global. 
Nos últimos anos no Brasil, vemos constantemente migrantes morando clandestinamente nas grandes cidades. Quem são estes migrantes? Geralmente oriundos da África, Ásia e America do Sul e geralmente se movimentam por causas econômicas. Quanto ao movimento migratório nacional, sempre tivemos uma grande movimentação da região nordeste e norte do Brasil rumo a região Sudeste/Sul, como a situação de empregos em São Paulo e Rio de Janeiro esta saturada atualmente, se detecta movimentos do Nordeste em direção a alguns estados do Norte (Tocantins, Pará, etc) originados do Piauí, Maranhão, e outros estados. E na região Sudeste nota-se também o contrario de anos anteriores, habitantes de origens nordestinas estão migrando ou retornando para sua região de origem. 
  Retornando aos movimentos internacionais, vamos citar um país de origem, poderia citar a China, ou qualquer região da África, Coréi, qualquer um... especificando, citarei a Bolívia. Temos visto constantemente na mídia, principalmente em São Paulo, historias de bolivianos que migram e se vem envolvidos em algum tipo de problema, geralmente são vitimas de aproveitadores, que lhes tiram o pouco dinheiro que ganham, prometem rios e fundos e não cumprem o que prometem, estes irmãos trabalhadores, que arriscam tudo para conseguir um lugar ao sol, vivem escondidos, trabalham até 20 horas por dia para ter algum lucro, numa clássica relação corroída entre capital e trabalho, isto é, uma relação de semi escravidão. Este é apenas um exemplo brasileiro, (isto é, falando apenas dos movimentos dentro do território brasileiro). No mundol este tipo de problema é igual, (só ampliando ou diminuindo suas proporções/micro ou macro) em todas as regiões do planeta onde existe a recepção de migrantes, veja o caso do Japão e seus migrantes brasileiros, “os decasséguis”, eles são vigiados quando entram em supermercados, lojas, etc.), talvez por ignorância e um perfeito desconhecimento da situação destes trabalhadores, eles olham estes migrantes como se fossem os grandes (ou parte) responsáveis pela péssima situação ou problemas em que vivem, ou por todos os problemas gerados na região onde moram. E por serem geralmente pobres, são vistos abaixo da linha do preconceito, desprezados e se não bastasse a falta de benefícios e os baixos salários a que são submetidos em seus trabalhos semi escravos.
  COMO O TRABALHADOR DE UMA NAÇÃO POBRE, VÊ UMA NAÇÃO RICA E IMPERIALISTA...
  Esta visão serve para quaisquer países em qualquer continente, para facilitar o entendimento exemplificaremos o Brasil como receptor do movimento.
  Como um paraguaio, peruano, boliviano, etc, vê o Brasil lá fora? Geralmente sendo este trabalhador um pouco mais consciente, pensa de primeira, é um pais rico e imperialista.
  Espera lá. Imperialista? 
  Com certeza, desde há muito tempo. Lembram do tratado de Tordesilhas? E da guerra do Paraguai? E a situação do Acre? E do estado de Santa Catarina? A mudança destas divisas e ganho de território foram simples manobras imperialistas. 
  Tenho em consciência que toda nação receptora de movimentos migratórios, são diretamente responsáveis pelo empobrecimento das regiões pobres do planeta,(abaixo esponho porque penso assim). 
  Se existe regiões empobrecidas, os mais ricos exploram suas matérias primas como um aspirador de pó absorve a poeira de um tapete. Só os países mais ricos têm parques industriais para transformar esta matéria prima em objetos comerciáveis, apenas eles possuem também saída para estes produtos através das câmaras mundiais, sendo assim impõe a estas matérias prima o preço que querem, relegando aos mais pobres apenas o trabalho e o (in) conformismo. 
  O Brasil é visto pelo proletário da America Latina, África, sul e sudeste da Ásia, como um país rico e imperialista (não me refiro a população brasileira extremamente pobre e as suas tristes realidades), a historia e os dados estão aí para atestar este imperialismo, e os índices confirmam que o pais (não incluir nesta riqueza a população) não é pobre (PIB, reservas internas e internacionais, arrecadação de impostos, etc.), miserável somos nós, sua massa explorada. Esta miséria geralmente não é mostrado no exterior, infelizmente a propaganda internacional mostra apenas mulheres em biquínis, corpos torrados ao sol, como se o Brasil fosse apenas uma grande nação de fornicadores e lascivos. 
Como entrar no Brasil é mais fácil do que entrar em países da Europa ocidental e EUA, o Brasil seria uma das opções para se trabalhar e ganhar dinheiro, por três motivos maiores, em parte por se falar o português, o brasileiro aceita razoavelmente bem o migrante, temos um grande numero de empresas (micro, pequenas, e medias) que admitem estrangeiros sem constrangimentos, (incluindo neste aceite os clandestinos). Estas facilidades agem como um farol sobre os mais pobres de outros países, norteando e obcecando. 
  Na idade media o lema dos bárbaros colonizadores, era “não existe pecado ao sul do equador”, isso prevalece como se fosse um arquétipo maldito (este lema foi um dos grandes responsável pelo extermínio de quase toda a nação indígena brasileira).
Voltando um pouco. Se exige pouco das empresas que exploram matéria prima nas seguintes áreas: Relações do trabalho, ecologia e sociais. As matérias primas geralmente são vendidas na sua forma pura, para outros países (a não ser em países do primeiro mundo onde geralmente são beneficiadas e manufaturadas no local de extração, eles não são idiotas, exemplo; o vale do silício na Califórnia-EUA), deveriam ser beneficiadas em seus locais de extração, se assim ocorresse, seriam gerados um grande numero de empregos nos países do terceiro mundo, contribuindo para o aumento do IDH nestas regiões e segurando os trabalhadores em suas regiões de origem, reduzindo em muito o movimento migratório.
  ALGUMAS CONSEQUENCIAS SOBRE O TRABALHO DE MIGRANTES ILEGAIS..
  Local: Japão, qualquer estado ou cidade. Alguns decasséguis moram num prédio de apartamentos simples, dividem um quarto/cozinha, trabalham para um empreiteiro que não conhecem bem o nome, não tem carteira assinada, não tem benefícios, não tem convenio medico, não tem décimo terceiro, apenas saem de férias quando ocasionam férias coletivas na empresa, 15 ou 20 minutos de almoço, não podem financiar imóvel, carro, ou quaisquer bens duráveis, compram somente a vista, não podem se envolver em acidentes de transito. Como vemos, não difere muito de trabalhadores estrangeiros que moram e trabalham no Brasil, ilustrei este constatado, apenas para mostrar que as contradições entre o capital e o trabalho são comuns em qualquer lugar do planeta, apenas minimizado em algumas regiões, este exemplo poderia acontecer nos EUA, Alemanha, França, ou qualquer outro país, o capital abre e fecha filiais em qualquer parte do mundo, não se importa com o ser humano, ele migra ao bell prazer. Para abrir uma fabrica no Brasil e oferecer 750 empregos diretos, uma indústria automobilística francesa fechou uma fabrica na Bélgica onde mantinha 7500 postos de trabalho diretos (Para onde foram estes trabalhadores demitidos?), isso é apenas um exemplo entre milhares. 
  O sistema só não consegue mudar os locais de exploração das matérias primas.
  CONCLUSÃO
  Gostaria ao concluir, explanar algumas idéias para tentarmos, senão sanar definitivamente (não acredito que nos parâmetros do sistema capitalista estes conflitos sejam solucionados definitivamente), ao menos amenizar o gravíssimo problema do movimento migratório, não é concebível, seres humanos trabalhando em condições subumanas em regimes escravagistas ou semi-escravagistas apenas porque vêem de uma região mais pobre, por pertencer a outras minorias, etc., na situação de foragidos ou banidos políticos, ou então por causa de cataclismos naturais, ou simplesmente por pertencer às áreas mais pobres do planeta, todos devemos ser respeitados dignamente. Se o sistema vigente não tem capacidade para solucionar esta e outras situações degradantes referente ao ser humano, que reconheça. Só assim a humanidade poderá debater e encontrar seu caminho. Para abrir a discussão, seleciono alguns tópicos para serem colocados em prática a curto e médio prazo, estes tópicos, apesar de gerarem um grande trabalho para sua concretização, são viáveis.

• Beneficiamento das matérias no local de origem de extração, ex. minério do ferro, alumínio, cobre, cal, cimento, madeira, grãos, subprodutos do petróleo, etc.
• Após serem beneficiadas estas matérias (não havendo condições de serem manufaturadas no local), as empresas compradoras por excelência devem exigir das vendedoras as, ISOs 9000, 14000 e 18000, que regem sobre o controle das qualidades ambientais e das relações do trabalho.
• Um fundo internacional (teoricamente já existe) uma espécie de tributo cobrado de empresas transnacionais e destinados a educação e saúde em países do terceiro mundo, principalmente as regiões mais pobres do planeta, para que não houvesse desvios este fundo seria aplicado pela FAO e UNESCO, seria fiscalizado por ONGs, associações locais, organismos internacionais de auditoria, toda a comunidade envolvida, sindicatos, etc., quanto mais fiscalização mais eficiente sua distribuição.
• Uma reformulação dos salários nas regiões onde originam os disparos emigratórios, para que estas regiões se tornem atrativas para todos. As nações devem envolver-se neste processo, através de fóruns constantes e soluções diretas e praticas.
• O debate constante em fóruns, seminários, nas escolas, nas igrejas, dentro de secretarias e ministérios de governos, para solucionarmos definitivamente o problema dos preconceitos raciais, sociais, étnicos, sexo, etc. ...

  Com alguns destes tópicos alinhados, gostaria agora de prendê-lo um pouco mais nesta leitura e falar sobre alguns relatórios atuais de organismos com aos quais não tenho duvidas sobre exatidão e seriedade:
  Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o aumento dos preços dos alimentos no mundo fez o numero de famintos aumentar em 40 milhões em 2008. a FAO divulgou na data de 09/12/2008 que a fome já atinge 963 milhões de pessoas. A FAO disse ainda que a crise mundial levara ainda mais pessoas a esta condição. Segundo a FAO, os problemas estruturais da fome, como falta de acesso à terra, ao credito, e ao emprego, combinados com o aumento dos preços dos alimentos permanecem como uma dura realidade para milhões de pessoas . A FAO relatou ainda que grande maioria destes famintos -907 milhões- vive nos países pobres. Destes, 590 milhões moram em sete países, são estes; Índia, China, Congo, Bangladesh, Indonésia, Paquistão e Etiópia, este mesmo relatório informa que na África Subsaariana, um terço da população -236 milhões- vive em estado de fome crônica. Sendo a maior proporção dentre os continentes. O Congo foi disparado o país Africano onde a fome mais se alastrou. A população de famintos passou de, 26 por cento em 2003/05 para 76 por cento em 2008. Na America Latina e Caribe, a fome atinge 51 milhões de pessoas atualmente.
Outro relatório desta vez emitido pela Comissão Econômica para a America Latina e o Caribe, (Cepal), informa que a crise do “sistema capitalista” (eles não usam sistema capitalista, usam crise financeira global), provocara um aumento no numero de pobres e indigentes na America Latina no ano de 2009, acirrando ainda mais os problemas que atravessamos.

  Minha opinião para abertura de uma discussão sobre o tema “MOVIMENTO MIGRATORIO”. 
  Como em todas as crises da historia, quem sofre realmente são as massas oprimidas, pagando um alto preço pela dissolução dos problemas do sistema de exploração, nada mais sensato que, as massas tomem as rédeas para a condução de uma sociedade onde realmente a fraternidade e a solidariedade sejam focados como ponto central de todas as políticas. Não vejo outra solução. 


  Obras que eu gostaria que todas as pessoas sorvessem, para que entendêssemos um pouco mais os movimentos migratórios:
“Morte e vida Severina”, baseado na obra de João Cabral, musicas de Chico Buarque, dirigido pelo Guel Arraes.
“Toda Obra de Sebastião Salgado sobre o movimento migratório– foto/jornalista-.
“Vidas Secas”, Glauber Rocha.
“O Capital”, (principalmente o capitulo onde ele disseca a mais valia) - Karl Marx.

 

 CARTA AO PROLETÁRIO

Todo revolucionário é um visionário movido pela ideologia, sendo assim, não fica difícil
concluirmos que, a ultima batalha da revolução proletária sera travada ao nível da consciência.
As massas hipnotizadas e amordaçadas pela mídia burguesa e todas as ferramentas do seu seu
sistema capitalista, não chegam a ser totalmente alienadas, percebem que algo esta errado e algo
precisa ser feito, o que a burguesia consegue suprimir às massas, é a faculdade de utilizar os.
Porque? e os. Como? A noção de que algo esta errado e que, urge a necessidade do curso da historia
ser transgredido e redirecionado, é uma noção nata. Isso é, esta noção esta enraizada como um
arquétipo a nos direcionar. Esta necessidade, este farol a nos guiar eternamente é inconsciente, isso
o sistema capitalista não consegue arrancar das massas, se fosse assim Karl Marx não nos legaria a
máxima. “A historia da humanidade é a historia das lutas de classe”. Partindo desta afirmação, não é
difícil pensar no norte proletário revolucionário.
Pensando este norte, fica fácil entendermos porque a historia da humanidade, é a historia das lutas
de classes. O proletário, (mesmo não lhe parecendo muito claro), percebe que algo precisa ser
substituído, as massas só não entendem que o que é preciso fazer, é a destruição do sistema
capitalista e a instauração da ditadura do proletariado. As próprias massas alimentam e conservam o
sistema capitalista, alimentam com sua letargia e semi-alienação, um pouco também, por não
enxergarem outra forma de convivência social que não seja a democracia, ou autocracia. Sendo a
falta de esclarecimentos e denuncias destes motivos, uma das falhas da vanguarda revolucionaria
rumo ao sucesso revolucionário.
A partir da mais tenra idade, o ser humano começa a ser bombardeado com informações, estas
informações tem como único objetivo; doutrinar o pequeno ser, que hora, entra na “cadeia de
produção capitalista”, (é assim que o sistema vê o ser que nasce, uma futura maquina de produção e
consumo), por isso a criança tem que ser saudável, forte, intelectualmente produtiva, sempre
consumir menos do que produzir. O que este produtor do sistema não pode ser ou ter; ter
discernimento, ser consciente, lutar por seus direitos, ler os autores considerados malditos pelo
sistema, etc.. A teia formada pelas tenazes do capital crescem e se transformam a uma tal
magnitude, que fica quase impossível ao proletário desvencilhar-se desta malha.
Quais os brinquedos que o sistema coloca a disposição do pequeno ser logo de seu nascimento? Já
paramos para analisar? Quais os verdadeiro intuitos existentes por traz dos ditos “inocentes”
brinquedos? E quando tem que enfrentar uma escola pela primeira vez. O que encontram pela
frente? O que o sistema educacional burgues publico e privado oferece para as crianças? Este
sistema educacional evolui intelectualmente a criança? Ou apenas a prepara para produzir nas linhas
de montagem e nada mais? E quando crescem um pouco mais, (na adolescência), o sistema lhes
oferece drogas baratas, e uma vida mundana em troca da venda do seu cérebro e por conseguinte a
sua semi e total alienação.
Ao meu ver, uma das falha da vanguarda revolucionaria, é não entender este paradoxo pelo qual
passam as massas. As massas sentem que é preciso fazer algo, mais não sabem bem o que é preciso
fazer. Seria bem mais fácil, (para chegarmos ao sucesso da revolução), fazermos todo um trabalho
de conscientização junto as crianças, crianças até os sete anos aprendem muito, após terem
aprendido, administram o conhecimento por toda vida, alem disso são curiosas. Adolescentes
carregam uma rebeldia nata, são insatisfeitos em tudo. Porque são insatisfeitos? Porque o sistema
lhes cobra a vida, e com certeza, a vida os adolescentes não estão interessados a entregar-lhe. O
adolescente se interessa bem pela revolução quando, é colocado a seu alcance as ferramentas
revolucionarias para tal discernimento. O sistema educacional não o evoluiu o bastante para que ele
estude e entenda, os livros revolucionários, são até boa parte, difíceis de se entender para os que não
cultuam o habito regular da leitura, neste caso as vanguardas tem por obrigação informar e apoiar
na jornada do saber revolucionário, procurando uma forma de simplificar ou resenhar as grandes
obras revolucionarias, apenas buscando o conhecimento também poderemos esclarecer e auxiliar os
que procuram o conhecimento revolucionário. Revolução não é moda, é um eterno aprender e um
eterno praticar. Revolução não é para ser colocada em marcha apenas nos botecos de sexta feira, é
para ser discutida nos ônibus, nas fabricas, mas obras, nas escolas, nas pistas de sk8 e em todos os
lugares.

Blog

09/01/2010 21:43

Textos de VillorBlue:

Querendo ler mais alguma coisa de VillorBlue, acesse o site autores:
19/11/2009 14:31

Um olhar sobre "Antífona" de Cruz e Sousa

 Ao ler a obra Antífona de João da Cruz e Sousa, fiquei impressionado com o riquíssimo substrato alquímico que perpassa todos os versos desta belíssima obra, entre outros detalhes, pelo chaveamento hermético relacionado, parecia-me proposital. Alguns verbetes pouco casuais, deixados, (não ao...
19/11/2009 14:29

Um olhar sobre "Antífona" de Cruz e Sousa

 Autor: João da Cruz e Sousa Publicada no livro: Broquéis-1883.  (um olhar sobre a obra Antífona) Autor: orlando rocha  (sub. conversando comigo)  Ao ler a obra Antífona de João da Cruz e Sousa, fiquei impressionado com o riquíssimo substrato alquímico que perpassa todos os...
11/11/2009 17:47

Primeiro Blog

Nosso novo Blog/Radio foi lançado hoje, 11/11/2009. Se você tem algum texto, sendo este texto de acordo com a linha diretriz do site e do radio "O PROLETÁRIO", nos envie, poderemos publica-lo. Esteja atento a ele e nós tentaremos mantê-lo informado. Você pode ler as novas postagens nesse blog via...
11/11/2009 15:21

O MOVIMENTO MIGRATÓRIO ATUAL

 Há algum tempo atrás, fui a uma exposição de fotografias no MON, do foto/jornalista Sebastião Salgado, fiquei pensando sobre o processo migratório e suas causas, desde 1993 Salgado vem fotografando o movimento migratório de seres humanos em todo planeta.  Interei-me (surpreso), que quase...

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11/01/2010 14:26

Leia em nosso blog, Carta ao Proletário:

CARTA AO PROLETÁRIO Todo revolucionário é um visionário movido pela ideologia, sendo assim, não fica difícil concluirmos que, a ultima batalha da revolução proletária sera travada ao nível da consciência. As massas hipnotizadas e amordaçadas pela mídia burguesa e todas as ferramentas do...

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